Bem Vindo!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

“Cantar a Palavra de Deus na Liturgia”


                                                                     


CURSO DE CANTO LITÚRGICO E PASTORAL      


 Aconteceu nos dias 24 a 26/02, no Centro de Pastoral da Paróquia São Pedro, em Ponte Nova, mais um Curso de Canto Litúrgico e Pastoral, promovido pela Região Mariana Leste e assessorado pela “Equipe Padre João”, que, há anos vem prestando à Igreja, voluntária e gratuitamente, essa valiosa colaboração, e a quem agradecemos de coração.
       O curso contou com a  expressiva participação de 135  agentes de pastoral da região e inovou, com  o tema: “ Cantar a Palavra de Deus na Liturgia”, considerando que o Projeto Arquidiocesano de Liturgia,  traz a Palavra como eixo e fio condutor do nosso AGIR para 2012, no contexto dos 50 anos da Sacrosanctum Concilium. 
       Foi um momento de rico aprendizado: cantos belíssimos, melodias encantadoras, letras profundas e expressivas, evocadoras do mistério.
       Ficaram pra nós algumas considerações fundamentais, entre muitas outras:
A – “Cantar a liturgia” é diferente de “cantar na liturgia”. Isso significa que, (como o próprio tema afirma), não se canta qualquer canto numa celebração litúrgica, por muito bonita e emocionante que ele seja; é preciso uma escolha criteriosa
B – deve haver uma perfeita integração entre o que se canta e o que se celebra
C - Há cantos que acompanham o rito (abertura, oferendas, comunhão) e cantos que são o rito. (Glória, perdão, Pai nosso, Cordeiro...)  Estes, nós não podemos modificá-los, conforme vem acontecendo, às vezes.; precisamos estar atentos!

                    

 
                                   



                                                                               

                                                                                        Equipe Regional de Liturgia Mariana Leste

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Comissão de Liturgia Arquidiocesana oferece subsídio de formação: A Palavra de Deus na Liturgia


A Comissão Arquidiocesana de Liturgia, reuniu-se nesta quinta-feira (16/02), para dar encaminhamento às decisões pastorais, vindas da Assembleia arquidiocesana, no que diz respeito à animação da vida litúrgica em nossa Arquidiocese. Nesse intuito, alguns assuntos importantes estiveram na pauta do encontro, como dinamização do projeto de formação litúrgica Vol. 1 “A Palavra de Deus na Liturgia”, discussão sobre orientações acerca da Celebração da Palavra e elaboração de subsídio de formação sobre o Ofício Divino das Comunidades.

       Nesse sentido, fazendo cumprir nosso planejamento de formação junto às regiões e paróquias, a Comissão Arquidiocesana já está disponibilizando o subsídio de formação litúrgica, com o título: “A Palavra de Deus na Liturgia” – Vol. 1, o qual tem como objetivo oferecer sólida formação sobre a Liturgia da Palavra e formar e aperfeiçoar atuais e futuros leitores e ministros extraordinários da Palavra. Tal subsídio já está à disposição das paróquias nos centros regionais.

Os destinatários deste material são as equipes de liturgia paroquiais, bem como todas as pessoas que, nas comunidades, exercem o ministério de leitor ou salmista, e também para as pessoas que se encaminham para assumir este ministério em sua comunidade.

            Este primeiro volume é composto de 6 capítulos que podem ser estudados mensalmente, na reunião paroquial de liturgia, bem como nas comunidades e também  nas reuniões mensais onde já existe o ministério da Palavra, ou onde se pretende estabelecê-lo. No segundo semestre, será lançado o volume 2, completando as reflexões sobre a Liturgia da Palavra. Serão tratados neste primeiro volume: noções sobre a Liturgia da Igreja; a compreensão da Revelação de Deus, que passa pela Escritura Sagrada; o sentido teológico-litúrgico da proclamação da Palavra de Deus na Liturgia; orientações litúrgicas relacionadas à Liturgia da Palavra e orientações para proclamar bem a Palavra (postura do corpo, impostação de voz, espiritualidade, uso do microfone etc.).

Tal subsídio enriquecerá as reuniões paroquiais de Liturgia e estabelecerá uma unidade no trabalho de formação.  Os temas estudados neste subsídio serão trabalhados também nos encontros regionais e arquidiocesanos. Por isso, incentivamos a todos que participem desses encontros, conforme a agenda de sua região. Não basta adquirir o livrinho, é preciso estudá-lo.  

Com o empenho de todos, sacerdotes e leigos, possamos colher os frutos deste trabalho em nossa Arquidiocese favorecendo para que o povo de Deus possa saborear, de fato, a Palavra de Deus proclamada nas celebrações litúrgicas. 



                            Comissão Arquidiocesana de Liturgia

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dimensão Litúrgica             Região Pastoral Mariana Leste


“A música sacra é tanto mais santa quanto mais intimamente se articula com a ação litúrgica”. (Sc)

Ponte Nova, 04 de fevereiro de 2012.


                Irmãos em Cristo,

O Projeto Arquidiocesano de Evangelização centra para o ano de 2012 a formação litúrgica no eixo da PALAVRA, o que nos inspirou na escolha do tema para o nosso Curso de Canto deste ano: “Cantar a Palavra de Deus na Liturgia”. Ele será promovido pela Dimensão Litúrgica da Região Pastoral Mariana Leste de 24 a 26.02.2012, no Centro Pastoral da Paróquia São Pedro - Ponte Nova, assessorado pela “Equipe de Canto Padre João”.
                24.02 - Das 18h às 22 horas
                25.02 – Das 7h30min às 19h30min
                26.02 – Das 7h às 12 h
Cada paróquia poderá enviar 04 (quatro) participantes. É de fundamental importância que um desses participantes seja instrumentista em sua paróquia e todos participem integralmente do curso. O Centro Pastoral de São Pedro oferecerá hospedagem (a pessoa deverá trazer roupa de cama).  Segue o preço do material, para quem se interessar: CD 18,00/Livro 1,80/Livro de cifras 10,00.
A Dimensão Litúrgica tem buscado o crescimento da Liturgia na Região.
 Com a participação de todas as paróquias nos encontros de formação, somaremos força para cada vez mais e melhor louvarmos e bendizermos o Senhor, através de nossas celebrações. Por isso, insistimos:                              PARTICIPE!
Atenciosamente,

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Maria Antônia Rosa Godoi                          e              Padre Wenderson José da Silva
Assessores da Dimensão Litúrgica  
Região Mariana Leste

Contatos: (31) 3817-4365 (Ana Luiza)  (31) 3817-7012 (Maria Antônia)      (31) 3892-6597 (Pe Wenderson)                                               

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Subsídio Litúrgico

VII DOMINGO DO TEMPO COMUM - 19/02/2012
 “Como é grande ó Pai a vossa misericórdia!”

O último Domingo dessa primeira parte do TC é uma espécie de sala de espera da Quaresma. A Palavra nos convida a aproximarmos do perdão divino, buscando nele a misericórdia. Isaias enfatiza que a libertação do Egito não pode se transformar em lembrança nostálgica, impossibilitando o enfrentamento da realidade por refugiar-se num passado de lamentações (1ªL), se o passado foi libertador, muito mais será o futuro, que germina pela ação misericordiosa de Deus, favorecendo um novo começo de vida. Pecado é a paralisia que incapacita caminhar nos caminhos de Deus por se viver em prisões do passado. Contudo, mesmo que tenhamos andado por caminhos estranhos aos propostos por Deus, a reação divina ao pecado não é a punição, mas o perdão. Perdão que é proteção e cura divina na totalidade existencial do homem e da mulher. A paralisia espiritual não se cura na emoção das multidões, mas no encontro pessoal com Jesus. É em Jesus que as promessas divinas têm o seu “sim” garantido, ensina Paulo (2ªL). A reação dos fariseus, de que só Deus pode perdoar pecados, os impediu de perceber que a verdadeira cura do homem e da mulher está no perdão dos pecados oferecido por Deus, em Jesus. É na humanidade de Jesus, “o Filho do homem”, que está o perdão dos pecados. O milagre da cura do paralítico (Evangelho) é um sinal visível do que acontece na vida do homem e da mulher perdoados de seus pecados. O perdão dos pecados cura as paralisias interiores e oferece liberdade e serenidade (SL).

SUGESTÕES PRÁTICAS
→ Preparar junto à cruz processional um braseiro - todas as vezes que o Pres. disser/cantar “Oremos”, guarda-se um tempo de silencio para que todos se vejam conscientes de estar na presença do Senhor. Neste intervalo de tempo, silenciosamente alguém se dirige até o braseiro e depõe um pouco de incenso. Na doxologia final da Oração Eucarística, depõe-se incenso no braseiro e durante o canto do Amém, alguém previamente designado, toma nas mãos o braseiro e dança ao redor do altar. Recoloca-se o braseiro aos pés da cruz e depõem-se mais um pouco de incenso. Ao recitar-se/cantar-se a doxologia (Pois vosso é o reino...) acrescenta-se incenso.

                                                                                                      Assessoria da Forania de Ponte Nova

REALINHAR-SE COM O ESPÍRITO DA SAGRADA LITURGIA

Pe. Geraldo, Pe. Luiz Claudio e Pe. Geovani, representantes da Arquidiocese de Mariana no Seminário Nacional

NECESSÁRIA E DESAFIANTE TAREFA ECLESIAL
Palestra proferida por Frei Ariovaldo na abertura do Seminário Nacional de Liturgia em Itaici.
                                                         Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
1.      Para pensarmos a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II e entendê-la em profundidade, em meio a seus sucessos e percalços, é bom que estejamos antenados com o que veio antes da reforma, a saber, com o movimento litúrgico. E para entendermos o movimento litúrgico, com seus percalços e sucessos, é bom que estejamos bem antenados com as origens de um grande mal-estar litúrgico que, talvez tarde demais, levou à necessidade de reformas.
2.      Mas creio que não caberia aqui falar ex-professo sobre o movimento litúrgico, caindo até no risco de ser repetitivo[1]. Nem vou falar das origens do dito mal-estar litúrgico[2]. Aliás, nem temos tempo pra tudo isso. O que eu quero é partilhar um pouco com vocês sobre algo que está no meu coração e não pára de me incomodar, a partir de minhas pesquisas, sobretudo sobre o movimento litúrgico no Brasil[3]. Refiro-me a elementos sutilmente agarrados no inconsciente coletivo do corpo eclesial como padrão antigo que sempre dificultou e vem dificultando todo o processo de reforma... Mais ou menos como uma pessoa que, num dado momento de sua história pessoal, incorporou padrões de comportamento que a levaram a tornar-se inflexível, autoritária, agressiva, egoísta, vaidosa, ciumenta, irresponsável e até violenta, causando muito sofrimento e dor a si e aos outros; e para voltar a uma equilibrada e sadia convivência social, depois, tem enorme dificuldade em assumir tais padrões como nocivos à sua saúde e à dos outros, e em retornar ao essencial para viver com qualidade de vida. Assim, no corpo eclesial, historicamente foram assimilados padrões de compreensão da liturgia, bem como de comportamento ‘litúrgico’ e ‘espiritual’ que, direta ou indiretamente, não deixaram de ser nocivos à Igreja, ao nosso planeta e à sociedade humana como um todo...

3.      Por exemplo (coincidência? penso que não!), foi precisamente no segundo milênio, quando a liturgia se transformou num formal fator clerical, e a grande massa popular, isolada da “fonte primeira e indispensável do espírito cristão” (que é a liturgia!), teve de ‘sobreviver’ (ainda bem!) com o apoio dos mais variados tipos de devoções, foi então que o Ocidente cristão perpetrou os piores desmandos morais e as mais intensas destruições de vidas humanas, em guerras fratricidas, inquisições, perseguições contra não-cristãos, invasões e destruição de terras alheias, escravizações, tiranias opressoras, sangrentas ditaduras... Pensemos no que cristãos (batizados, casados na igreja, freqüentadores de missas, procissões, rezas, novenas etc.!...) fizeram com os índios nesta nossa América Latina e com os escravos negros!... Debilitados pela falta do verdadeiro espírito da liturgia e anestesiados pela cobiça do ouro e a sede de poder, esses cristãos não conseguiram enxergar mais nem a sua própria insanidade torturante!... E como um Bartolomeu de las Casas, por exemplo, exatamente a partir do espírito da celebração da Eucaristia, soube reagir profeticamente contra a insanidade escravizadora, sofrendo como conseqüência a perseguição e a deportação!... Enfim, a alienação do verdadeiro espírito da liturgia levou a tudo isso... Voltar à liturgia, ou melhor ainda, a uma espiritualidade de fato litúrgica, libertadora, agora resgatada pela reforma do concílio Vaticano II, continua a ser o grande desafio, inclusive – arrisco dizer – para a sobrevivência do nosso planeta.

4.      Creio que uma tomada de consciência do que está nos bastidores históricos de nosso inconsciente coletivo cristão ocidental, ajude a contribuir para, neste Seminário, conversarmos em profundidade sobre a Sacrosanctum Concilium, em torno de seus eixos principais, eventuais lacunas, dificuldades em sua recepção e, enfim, pensarmos juntos possíveis caminhos ‘terapêuticos’ para sanar padrões ‘litúrgicos’ e ‘espirituais’ distorcidos do inconsciente coletivo em nosso corpo eclesial.
5.      “O movimento litúrgico – resume Matías Augé - é um fenômeno eclesial e até mesmo histórico-cultural que afunda suas raízes na época do Iluminismo, tem suas primeiras manifestações tangíveis na renovação do monacato beneditino de Solesmes no século 19 por obra de Dom Prosper Guéranger (1805-1875), entra na sua fase clássica e de expansão com o pontificado de Pio X (1903-1914), para aproar depois nas soleiras do concílio Vaticano II”[4]. Significou a reação paulatina e benéfica a um mal-estar litúrgico que havia tomado conta do corpo eclesial do Ocidente, a partir dos séculos 8 e 9, que se agravou nos séculos 12 a 16 e que perdurou pelos séculos afora. Nem o concílio de Trento conseguiu sanar o mal-estar. E, cá entre nós, até mesmo a reforma do concílio Vaticano II está enfrentando dificuldades na implantação do verdadeiro espírito litúrgico, da liturgia como a verdadeira oração da Igreja, de fato participada por todo povo, primeira e indispensável fonte do verdadeiro espírito cristão. E já se passaram quase 50 anos!... Bem que profetizou o iniciador do movimento litúrgico clássico, Lambert Beaduin, há quase 100 anos atrás: “O trabalho de renovação litúrgica será árduo: é bom se convencer disso; as multidões levaram séculos para desaprender o verdadeiro espírito cristão, contido na liturgia; muito tempo agora será necessário para aprendê-lo de novo”[5].

6.      O que quis o movimento litúrgico e, agora, a reforma do concílio Vaticano II? No fundo, resgatar o Essencial na vida cultual da Igreja, Aquilo que está para além de todos os padrões humanos que, no corpo eclesial, acabaram roubando a cena do Espírito que anima este corpo, mas que continuam (como eu disse) agarrados no inconsciente coletivo do nosso corpo eclesial. O que se busca resgatar: a) a divina Liturgia (com maiúsculo) celebrada, isto é, experimentada como Presença libertadora do mistério pascal na ação ritual mesma, sufocada que fora por um frio corpo doutrinal “sobre” Deus e seus mistérios; b) a divina Liturgia (com maiúsculo) celebrada como experiência orante por excelência de cada cristão em particular e de todo povo reunido, fonte primeira e indispensável do verdadeiro espírito cristão, sufocada que fora pelo acúmulo de manifestações piedosas extra-litúrgicas e pelo individualismo religioso; c) a divina Liturgia (com maiúsculo) celebrada como escuta, acolhimento, contemplação, admiração, louvor e ação de graças pelas maravilhas operadas por Deus, sobretudo pelo mistério pascal, presente na própria ação ritual, sufocada que fora pelo desesperado esforço meramente humano de “chegar até Deus” e salvar a própria alma[6].

7.      Cem anos de movimento litúrgico... cinquenta anos da Sacrosanctum Concilium, com um mare magnum de publicações em torno do espírito da divina Liturgia (a bibliografia é imensa e as pesquisas ainda continuam!...), versus mil anos de diáspora litúrgica por parte das massas populares e até mesmo das elites eruditas... Mil anos de deserto mistagógico!... É muita coisa, para um curto centenário de retomada do caminho!... Daí se entende a gritante e permanente defasagem existente entre o que um grupo de cristãos, relativamente muito pequeno, veio assimilando e já assimilou do espírito da liturgia resgatado pelo movimento litúrgico ou expresso pelos documentos oficiais da Igreja, e o que uma imensa multidão, a grande massa popular, ainda tem como padrão inconsciente agarrado em seus corpos, em se tratando religião cristã católica com seus rituais. E isso até mesmo entre as elites mais eruditas, fora ou dentro dos quadros da organização eclesiástica. Podemos ilustrar o que eu quero dizer, através de alguns exemplos.
8.      De saída, poderíamos evocar a reação pitoresca de um bispo, o bispo de Lérida (Espanha) durante o concílio Vaticano II, quando se sublinhava a importância do culto cristão. Reagiu assim: “Imaginem! Estão chegando ao cúmulo de por a liturgia dentro da missa!”[7]. Faz-me lembrar outro fato pitoresco: um registro do cronista do Convento do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, em 1934, a partir de um contato dos frades com o iniciador do movimento litúrgico no Brasil, o beneditino Dom Martinho Michler... Explico-me: a partir de então próprios frades começaram, cá e lá, a celebrar missas versus populum. Então o cronista deixou registrado que o povo estava gostando das “missas litúrgicas” (sic) que os freis celebravam!

9.      Lembro-me também de quando pesquisei sobre o movimento litúrgico no Brasil. Constatei que o que mais me saltou aos olhos foram os violentos conflitos entre duas concepções de espiritualidade: a apaixonante espiritualidade litúrgica, sendo descoberta, e as centenárias espiritualidades devocionais medievais e pós-tridentinas, padronizadoras do tecido cultural da nossa nação brasileira[8]. A partir daí comecei a entender o porquê da fortíssima tendência, existente até hoje, em se repetir inúmeros padrões medievais e pós-tridentinos de comportamento litúrgico e espiritual, não obstante o imenso trabalho já realizado no campo da reforma litúrgica.

10.  Por exemplo, a respeito da Eucaristia: No linguajar comum da imprensa brasileira (escrita e falada), como tenho observado inúmeras vezes[9], missa é uma “cerimônia” que se “encomenda” ou se “promove”, seja para “homenagear” alguém (vivo ou falecido), seja para celebrar ou abrilhantar a “memória” de alguma pessoa ou evento importante e, inclusive, para “festejar” e “comemorar” algum aniversário significativo... Uma cerimônia feita por um profissional religioso contratado (padre ou bispo), à qual a gente assiste. Ora, se é que a linguagem da imprensa expressa a cultura de um povo e, no caso, o imaginário religioso de um povo ou, então, o inconsciente coletivo dos católicos do nosso país, missa, para a grande massa popular, continua a ser entendida como sendo isso mesmo!... Esse é o padrão comum de compreensão... Portanto, algo bem longe do que o movimento litúrgico compreendeu e os documentos da Igreja definiram...
11.  A problemática é encontrável na própria elaboração do Catecismo da Igreja Católica. Enquanto na primeira sessão (nn. 1066-1209) se trata da celebração da liturgia como “obra da Trindade”, “fonte e ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo fonte donde emana toda a sua força”, na segunda sessão (nn. 1210-1690), quando se trata dos sete sacramentos da Igreja (mormente a Eucaristia!), esquece-se de certa maneira o seu aspecto celebrativo (dimensão mais mistagógica) e privilegiam-se, como “fonte e ápice”, as doutrinas (em moldes escolásticos), as “verdades de fé” sobre eles... Em outras palavras, repete-se neste caso, veladamente, um velho padrão apologético, anti-herético, que é a preocupação acima de tudo doutrinal[10], em prejuízo de uma visão preferentemente mistagógica dos sacramentos!

12.  Voltando para a questão da Eucaristia... Há poucos dias, durante 10 minutos ouvi na igreja o relato da listagem de intenções da missa a ser celebrada: intenções por inúmeros falecidos com nomes citados, misturadas com intenções pelas almas em geral, pelas almas do purgatório, intenções de aniversário de falecidos, de um mês, sétimo dia, pelas treze almas benditas, pelo anjo da guarda, em honra de Santo Expedito (e outros santos), pela conversão de N., pela recuperação da saúde de N., em ação de graças pela recuperação da saúde de N., em ação de graças a Santo Antônio por graça alcançada, e assim por diante... uma listagem imensa!... É a compreensão que a grande massa popular tem ainda de celebração da Eucaristia como padrão assimilado... Uma reza, realizada pelo profissional do culto, que a gente “encomenda” numa determinada intenção.

13.  Há poucos dias, ainda, conectando-me num canal de televisão católico, deparo-me com uma solene adoração ao Santíssimo Sacramento. Altar cheio de velas. O padre com paramentos suntuosos (capa magna imensa etc.!). Ostensório imponente. Padre orando piedosamente, apaixonadamente, com tanta paixão que, ao microfone e transmitido pela TV, se desdobra numa extensa oração em língua estranha. Tudo tão solene e apaixonante que dá a nítida impressão de que aquele momento eucarístico é muito mais importante que a própria celebração da eucaristia, contrastando com o que nos apresenta a reforma pós-conciliar[11].

14.  A reforma conciliar nos resgata que Cristo é o verdadeiro sacerdote que preside e age na ação litúrgica. Em outras palavras, sua presença viva nos sinais (na assembleia, na pessoa do ministro ordenado, na Palavra proclamada, no pão e vinho consagrados, nos sacramentos em geral) é que nos preside. Tal presença foi, nas tradições mais antigas e genuínas da Igreja, re-presentada pelo Cristo pantocrator na abside, ou na forma de cruz pendurada sobre o altar[12], do espaço em que acontece a Eucaristia. E como o Cristo é representado? De olhos abertos! Só este detalhe já nos diz que somos presididos por Alguém que está vivo. Porém, o que ainda vemos em muitos espaços litúrgicos? Lá na frente, às vezes enorme, um Cristo crucificado, desfalecido, olhos fechados, morto. Como que dando-nos esta impressão: Somos presididos por um cadáver!... Esquecemos que aquele que passou pela morte, sim, ele está vivo; e é assim, vivo, que nos preside!... Esquecemos!... Pois é! É um padrão medieval que assimilamos, e não nos damos conta do quanto ele nos limita em termos de mistagogia do espaço litúrgico!

15.  Outra questão que ainda continua me intrigando. Antigamente, antes do Vaticano II, quando o sacerdote rezava a missa de costas para o povo (e em latim), o povo cria que o padre estava rezando (orando mesmo!) em estreito e profundo contato com Deus. Na boa fé, pois não via a cara do padre! Sem querer generalizar, é claro! Depois do concílio, voltado para o povo (como devia mesmo ser!), o padre se expõe, mostra a sua cara e, aos poucos, o povo sente como que uma decepção: percebe que na verdade os padres, de maneira geral, não rezavam, mas simplesmente liam um livro, e continuavam lendo o missal do mesmo jeito que antes, no mesmo padrão antigo, mesmo com o texto traduzido para o vernáculo: de maneira formal, mecânica, “no piloto automático”, sem manifestar convicção naquilo que estavam lendo, sobretudo em se tratando da oração eucarística (a oração mais importante!); orações feitas às carreiras e os ritos realizados igualmente de maneira muito formal, de qualquer jeito. Numa palavra: De maneira geral, a oração dos padres e os ritos que realizam não convenciam, pois não manifestavam fé, paixão, entusiasmo, amor... E continuamos assim, de maneira geral ainda hoje, também para os demais atores das celebrações (leitores etc.), repetindo os mesmo padrões antigos... Numa palavra: De maneira geral ainda não se assimilou o espírito da reforma do Concílio Vaticano II. O espírito da reforma não penetrou ainda no sangue, na mente, no coração, no corpo dos agentes das celebrações. Resultado: Porque os atores das celebrações litúrgicas (mormente na missa), sobretudo os principais, não estão qualificados como pessoas de fato orantes em seu agir ritual, continuam a repetir padrões antigos, e não conseguem contribuir para a formação e animação de discípulos e missionários de Jesus Cristo a partir da Liturgia. Pelo contrário, enfadam os participantes das assembleias que, aos poucos, buscam outros ambientes mais “convincentes” que não a Liturgia: nas seitas e em manifestações piedosas mesmo dentro da Igreja Católica, testemunhando inclusive que aí de fato “encontraram Jesus”, “tiveram uma experiência de Deus”. No meu entender, em grande parte, o êxodo dos católicos é motivado pelo não convencimento dos principais atores em seu agir nas celebrações litúrgicas.

16.  Entre os evangélicos, para um pastor ser pastor e, portanto, um pregador da Palavra, se investe pesado na sua formação. Eles são rigorosamente formados para ser um bom pregador, que convence, que mostra fé naquilo que prega, que mostra diálogo pessoal com Deus nas suas ações rituais (pregação, oração); além da rigorosa formação técnica para se comunicar com o público. Ora, sabemos que entre nós, católicos, além da pregação da Palavra, privilegiamos também a ritualidade, a sacramentalidade da Liturgia como expressão do mistério salvador. Privilegiamos a ritualidade como lugar de especial de experiência de encontro do Mestre conosco, a ritualidade como lugar de experiência de Deus. É nossa tradição cristã que, em grande parte, herdamos da tradição hebraica. Só que isso, por falta de qualificação dos nossos agentes celebrativos para a ritualidade (em seu sentido teológico, espiritual, pascal e sócio-transformador), o povo não consegue saborear o mistério presente nos ritos. Resultado, em termos de ritualidade, mais que a Liturgia, o povo “escapa” e vai valorizar mais as devoções (ao Santíssimo Sacramento, aos Santos etc.). Outros tantos, e são milhares, testemunham que “encontram Jesus” ouvindo a pregação convincente do pastor evangélico e participando de manifestações orantes mais convincentes ainda, coisa que normalmente não acontece ainda de maneira satisfatória nas celebrações litúrgicas católicas...
17.  O povo é por natureza orante. Vai para as igrejas para ter um encontro com Deus, ouvir Deus falar, sentir Deus falando... Ora, se nos próprios ministros, no exercício de suas funções, não se nota este “encontro deles com o mistério”, vai ser muito difícil para uma assembleia, com este tremendo “ruído” à sua frente, fazer a experiência de um encontro verdadeiro com o Mestre que nos chama para a missão!

18.  Lembro-me do que Bento XVI disse em seu discurso aos bispos do Brasil: que “a celebração eucarística é a melhor escola da fé”. E no discurso de abertura da V Conferência, o papa chama a atenção que “a assistência dos pais com seus filhos à celebração eucarística dominical é uma pedagogia eficaz para comunicar a fé e um estreito vínculo que mantém a unidade entre eles”. E depois diz: “O encontro com Cristo na Eucaristia suscita o compromisso da evangelização e o impulso à solidariedade; desperta no cristão o forte desejo de anunciar o Evangelho o testemunhá-lo à sociedade para que seja mais justa e fraterna....”. Como já se insistiu ultimamente sobre a ars celebrandi da Sagrada Liturgia![13] No entanto, eu me pergunto, da forma como as celebrações eucarísticas são normalmente presididas ou ritualizadas (como referi acima), como vai ser possível realizar isso que o papa afirma?

19.Enfim, uma última observação: Medellín, Puebla e Santo Domingo, se debruçaram sobre a importância da Liturgia na evangelização e vida cristã. Medellín e Puebla tratam especificamente da Liturgia em capítulo especial, inclusive com diagnóstico sobre a situação das celebrações no continente. Santo Domingo já nem tanto. E Aparecida? Lamentavelmente a liturgia não ocupa o lugar que deveria no seu Documento final. Contentou-se apenas com um parágrafo, inserido na última hora, na hora da aprovação final do documento. Fala-se da Eucaristia, há parágrafos sobre os sacramentos, mas, faltou a necessária ênfase à Liturgia como lugar privilegiado de encontro com Jesus Cristo e de formação de discípulos e missionários para que nele nossos povos tenham vida. Sem dúvida, essa é uma das maiores lacunas (se não a maior) do Documento de Aparecida[14]. Acha-se que a metodologia de trabalho adotada na Assembleia é que prejudicou. Será mesmo? Será que a liturgia é tão sem importância assim, a ponto de sua abordagem ser comprometida por uma metodologia de trabalho? Ou não foi um inconsciente coletivo ainda um tanto limitado em relação ao espírito liturgia a causa de tal prejuízo?

20.  Um último sentimento meu a partilhar. A Sacrosanctum Concilium é insistente no tocante à formação litúrgica. E com razão. De fato, a meu ver, por causa de uma formação litúrgica ainda deficiente e sem cunho mistagógico, aliada a certo poder “deformador” da mídia, corremos o risco de continuarmos no espírito cultual da cristandade medieval e pós-tridentina, com alguma tintura moderna apenas, mas longe do Espírito do Senhor, longe do centro da nossa fé (do mistério pascal de Jesus Cristo que nos empenha a um compromisso comunitário na vivência da fé). Corremos o risco de continuarmos a dar mais importância à “presença real”, às devoções ao Santíssimo Sacramento, do que à Eucaristia como celebração memorial do sacrifício pascal de Cristo que nos libertou e continua nos libertando. Corremos o risco de continuarmos a ver a missa apenas como “remédio que cura”, como se a celebração eucarística não fosse já a presença da salvação; ou como “coisa de padre” que se encomenda para ‘homenagear’ pessoas (vivos ou defuntos) e destacar eventos sociais, e não como ação comunitária participada por todos; ou como show para ser piedosa e entusiasticamente assistido, e não como ceia pascal dos cristãos em clima tranquilo de ação de graças. Corremos o risco de ver os sacramentos apenas como “remédio” (uma espécie de “vacina” contra os males), e não como celebração da Páscoa que nos libertou da raiz de todos os males. Corremos o risco de continuarmos com uma religião clerical, individualista, mágica e puramente devocional, sem compromisso comunitário, distante do projeto de Jesus Cristo. Sem formação litúrgica, e de cunho mistagógico, corremos o risco de vermos de certa maneira comprometida a reforma do Concílio Vaticano II.

21.  Poderíamos trazer ainda muitos outros exemplos. Vocês mesmos podem trazê-los... Exemplos de como limitados padrões antigos de compreensão e vivência da liturgia ainda nos dominam; e, inconscientemente, deixamo-nos dominar por eles, o que acarreta enormes bloqueios no trabalho de resgate e conexão com a fonte primeira do verdadeiro espírito cristão. Oxalá, com esta minha fraterna partilha e com este Seminário possamos sentir-nos provocados a de fato levar adiante esta necessária e desafiante tarefa eclesial: Realinhar-se com o verdadeiro espírito da sagrada liturgia, para que todos tenham vida.





[1] Muito se escreveu até agora em torno do movimento, a bibliografia é imensa. Basta folhear as principais revistas litúrgicas, tipo La Maison-Dieu (Paris, 1945ss), Phase (Barcelona, 1961ss), Rivista Liturgica (Finalpia, 1914ss / Nova série 1964ss), Rivista di Pastorale Liturgica (Brescia, 1963ss), Questions Liturgiques (et Paroissiales) (Louvain, 1921ss), Paroisse et Liturgie  (Bruges, 1919ss), Notitiae (Roma, 1965ss), Liturgiewissenschaftliche Quellen und Forschungen  (Münster, 1928ss), Liturgisches Jahrbuch (Münster, 1951ss), Jahrbuch für Liturgiewissenschaft 1-15 (Münster, 1921-1941), Archiv für Liturgiewissenschaft (Ratisbona, 1950ss), Ephemerides Liturgicae (Roma, 1887ss), Ecclesia Orans (Roma, 1984ss). Indico aqui alguns escritos sobre o movimento litúrgico, antigos e atuais: VV.AA. Le cenquentenaire du mouviment liturgique. In: Les Questionis Liturgiques et Paroissiales, Louvain, 40, n. 3-4, 1959; NEUNHEUSER Burckhard. O movimento litúrgico: panorama histórico e linhas teológicas. In: VV.AA. Liturgia, momento histórico da salvação (= Anámnesis 1). São Paulo: Paulinas, 1987, p. 9-36; Id. Movimento litúrgico. In: SARTORE Domenico – TRIACCA A. M. (Org.). Dicionário de Liturgia. São Paulo: Paulinas, 1992, p. 787-799, com boa listagem bibliográfica (completada na edição espanhola, Nuevo Diccionario de Liturgia. Madrid: Paulinas, 1987, p. 1365-1388); SILVA José Ariovaldo da. O movimento litúrgico no Brasil. Estudo histórico. Petrópolis: Vozes, 1983; Id. Id. Avanços e retrocessos do movimento litúrgico no Brasil. In: Revista de Cultura Teológica, São Paulo, n. 31, 2000, p. 109-131. Algumas publicações mais recentes, cada qual com farta bibliografia: CONTI L. Paolo VI. Dal movimento litúrgico alla riforma: uma liturgia eucarística e pasquale. In: Rivista Liturgica, Torino/Neuman, 2003, p. 713-728; FLORISTAN SAMANES, Casiano. A los cuarenta años de inaugurarse el Vaticano II. In: Phase, Barcelona, n. 253, p. 85-87, 2003; MISERACHS V. El Motu próprio “Tra le sollecitudini” de san Pio X. Historia e contenido. In: Phase, Barcelona, 2004, p. 9-28; PRETOT Patrick. Actualité du Moviment liturgique. In: La Maison-Dieu, Paris, n. 238, 2004/2, p. 37-43; GRILLO, Andrea. 40 anni prima e 40 anni dopo Sacrosanctum Concilium: una considerazione inattuale sulla attualitá del movimento liturgico. In: Ecclesia Orans, Roma, v.21, n. 3, 2004, p.269-300; LAMBERTS Jozef. L’évolution de la notion de “participation active” dans le Mouvement liturgique du XXe siécle. In: La Maison-Dieu, Paris, n. 241, 2005, p. 77-120; BASURKO Xabier. Movimento litúrgico em el siglo XX (1903-1963). In: Historia de la liturgia (Biblioteca Litúrgica 28). Barcelona: Centre de Pastoral Litúrgica, 2006, p. 383-445;  AUGÉ Matias. Il movimento litúrgico. Alla ricerca della fondazione “spirituale” della liturgia. In: Ecclesia Orans, Roma, 24, 2007, p. 335-350; VV.AA. El siglo de la liturgia. Congreso Internacional de Liturgia. Barcelona, 4-5 de septiembre de 2008. In: Phase, Barcelona, n. 287-288, 2008;  VV.AA. 1909-2009. Le Mouvement liturgique. In: La Maison-Dieu, Paris, n. 260, 2009; GRILLO Andrea. Le Mouvement liturgique et les tournants épistémologiques du XXe siècle. Une petite considération inactuelle. In: La Maison-Dieu, Paris, n. 260, 2009, p. 123-152; GRILLO Andrea. Il pensiero di Cipriano Vagaggini, tra eredità tomista e confronto con la modernità. Profilo e fortuna de un grande “liturgista”. In: Rivista Liturgica, 2009, p. 362-384; DALMAU Bernabé. El momento litúrgico actual (= Dossiers CPL 117). Barcelona: Centre de Pastoral Litúrgica, 2010; DE CLERCK Paul. Pierre-Marie Gy: souvenirs et témoignage d’un liturgiste au temps de Vaticano II. In: La Maison-Dieu, Paris, n. 261, 2010, p. 127-160; METZGER M. La reforme liturgique du Concile Vatican II et les idéologies qui résistent. In: Révue des Sciences Religieuses, Strasbourg, 85, n. 1, 2011, p. 101-110.
[2] Neste sentido me deliciei com um interessante artigo publicado por F. Vandenbroucke, publicado por ocasião do cinqüentenário do movimento litúrgico clássico, em 1959; portanto, já às vésperas do Concílio Vaticano II. Título do artigo: Aux origines du malaise liturgique. In: Les Questions Liturgiques e Paroissiales, 40, 1959/3-4, p. 252-270. Aliás, o artigo faz parte de um número especial da revista, dedicado ao cinqüentenário, em que a figura e obra de Lambert Beauduin vem destacada, inclusive com uma simpática fotografia sua em página inteira.
[3] Cf. O movimento litúrgico no Brasil. Estudo histórico. Petrópolis:Vozes, 1983; Id. Avanços e retrocessos do movimento litúrgico no Brasil. In: Revista de Cultura Teológica, São Paulo, n. 31, 2000, p. 109-131.
[4] AUGÉ Matías. Il movimento litúrgico. Alla ricerca della fondazione “spirituale” della liturgia. In: Ecclesia Orans, Roma, 24, 2007, p. 335.
[5] Cf. BEAUDUIN Lambert. La piedad de la Iglesia (Cuadernos Phase 74). Barcelona: Centre de Pastoral Litúrgica, 1996, p. 19.
[6] Cf. Marcel Metzger. La reforme liturgique du concile Vatican II et les idéologies qui résistent. In: Revue des Sciences Religieuses, Strasbourg, 85, 2011/1, p. 101-110.
[7] Cf. DALMAU Bernabé. El momento litúrgico actual (Dossiers CPL 117). Barcelona: Centre de Pastoral Litúrgica, 2010, p. 107.
[8] Cf. SILVA José Ariovaldo. Avanços e retrocessos do movimento litúrgico no Brasil. Art. cit., p. 109-131. Lembro-me de uma dura advertência do reacionário Plínio Correia de Oliveira, saindo em defesa das devoções, contra os chamados “ataques do liturgicismo exclusivista” (que prega a espiritualidade litúrgica como a única e necessária na Igreja) ameaçadores da própria solidez cultural da nossa nação: “Vocês querem acabar com a nação brasileira? Arranquem a sua fé!”. 
[9] Alguns exemplos. “Sindicato festeja 60 anos com missa. Os 60 anos do Sindicato dos Vendedores de Jornais do Estado do Rio de Janeiro foram comemorados ontem com missa em ação de graças” (O Globo 26.09.92, p. 18). “A missa de sétimo dia celebrada ontem no Rio em homenagem ao deputado Ulysses Guimarães comprovou que ele ainda simboliza o consenso nacional... (O Estado de São Paulo 20.10.1992, p. 10). “Ontem de manhã, foi rezada uma missa na Casa da Dinda em homenagem a Pedro...” (Folha de São Paulo 19.12.94, cad. 1, p. 6). “A população petropolitana está convidada para assistir... a missa em homenagem ao prefeito eleito Leandro Sampaio...” (Tribuna de Petrópolis 31.12.96, p. 1). “ACM pede ordem e vai à missa em homenagem ao filho” (Jornal do Brasil 22.05.98, p. 2); “Na missa em homenagem aos 156 anos de Petrópolis, Dom José Carlos de Lima Vaz confessou ser torcedor do Botafogo” (Diário de Petrópolis 18.03.99, p. 5). “A Faculdade de Direito da UCP promove Missa de Ação de Graças em homenagem aos desembargadores Miguel Pachá e Marcus Faver” (Tribuna de Petrópolis 21.03.2003, p. 8); “Amigos do traficante Uê encomendaram missa pelo primeiro aniversário de sua morte” (O Globo 11.09.03, p. 1 e 16); “Tumulto e prisão na missa por Uê... homenageado com uma
missa... em memória dele” (Idem 12.09.2003, p. 1 e 13). “Missa em memória de Roberto Marinho reúne cem pessoas em igreja paulista... A missa foi encomendada pela presidente do Museu de Arte Moderna” (Idem 12.09.03, p. 13); “Em missa de homenagem a Covas (ou: “em missa em memória dos sete anos de morte de Covas”), os dois (Alckmin e Kassab) declararam ter vontade de disputar eleição (...)... os dois assistiram juntos à missa em homenagem ao governador Mário Covas...” (Folha de São Paulo 07.03.2008, p. A4). “Homenagem à princesa na Catedral... A missa das 8h na Catedral São Pedro de Alcântara será em homenagem à Princesa Isabel... Missa homenageia Princesa Isabel pela Lei Áurea e apoio à Catedral” (Tribuna de Petrópolis 13.05.2010, p. 1 e 4). Nada contra homenagens à princesa Isabel e outros personagens históricos. Apenas me pergunto se é para isso que missa existe.
[10] Ibid., p. 102-106.
[11] Como nos ensina Bento XVI, a partir das propostas do Sínodo sobre a Eucaristia: “A adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja” (Exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis”, n. 66).
[12] Muito significativa a chamada “Cruz de São Damião” da tradição franciscana, aquela cruz bizantina que falou a Francisco de Assis. Nela o corpo de Cristo, em primeiro plano sobre a cruz, com as marcas dos cravos e da lança, não é um corpo desfigurado, mas um corpo sadio, limpinho e lisinho como o corpo de uma criança recém-nascida, todo luz... E mais: seu corpo, com os olhos abertos (olhem este detalhe!) aparece em primeiro plano, sendo que o resto, cruz e sepultura (morte!), aparece atrás dele, como algo que já passou... Dá-nos a impressão de que somos de fato presididos por Alguém que, passada a paixão e morte, agora vive e, assim (vivo!), nos fala e nos interpela para o seu seguimento.
[13] BENTO XVI. Exortação apostolica pós-sinodal “Sacramentum caritatis” sobre a eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da igreja (A voz do papa 190). São Paulo: Paulinas, 2007, p. 60-66 (n. 38-42: Arte da celebração); BIANCHI Enzo. Ars celebrandi. L’eucaristia, fonte di spiritualità del presbitero. In: La Rivista del clero italiano n. 5, 2007, p. 325-339; CIBIEN Carlo. Le langage non verbal dans le nouveau Missale Romanum: “ars celebrandi” ou “ritus servandus”? In: La Maison-Dieu, Paris, n. 256, 2008, p. 55-89. [Original italiano in: Rivista Liturgica 2003/4]; HEINZ, Andréas. Ars celebrandi: Übverlegungen zur Kunst, die Liturgie der Kirche zu feiern. Questions Liturgiques, Louvain, vol. 83, 2002, p. 107-126; LAMBERTS Jozef. ‘Ars celebrandi’ or the Art to Celebrate the Liturgy. In: Questions Liturgiques, Louvain, 83, 2002, p. 99-106; MATTHEEUWS Gino. The ‘Ars celebrandi’ of the Liturgical Congregation. Some Forgotten Dimensions. In: Questions Liturgiques, Louvain, 83, 2002, p. 127-139; FLORES Juan J. No existe outro misterio que Cristo. In: Phase, Barcelona, n. 299, 2010/5, p. 407-416; MARTINEZ SISTACH Lluís. “Ars celebrandi” en la dedicación de la Basílica de la Sagrada Família. In: Phase, Barcelona, n. 302, 2011, p. 161-165; LÓPEZ MARTÍN Julián. El futuro de la pastoral litúrgica: retos y esperanzas. In: Phase, Barcelona, n. 302, 2011, p. 213-232.          
[14] O tal parágrafo que fala especificamente da Liturgia está no n. 250 do Documento final, que reza assim: “Encontramos Jesus Cristo, de modo admirável, na Sagrada Liturgia. Ao vivê-la, celebrando o mistério pascal, os discípulos de Cristo penetram mais nos mistérios do Reino e expressam de modo sacramental sua vocação de discípulos e missionários. A constituição sobre a Sagrada Liturgia do Vaticano II nos mostra o lugar e a função da liturgia no seguimento de Cristo, na ação missionária dos cristãos, na vida nova em Cristo e na vida de nossos povos n’Ele”.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Subsídio Litúrgico

MISSA DO VI DOMINGO TC – ANO B - 12/02/2012
JESUS REINTEGRA OS MARGINALIZADOS

No Evangelho de hoje Marcos nos apresenta Jesus rompendo com a lei e recuperando para o convívio social alguém que tinha sido afastado por ser considerado impuro. Ele se revela como aquele que vem carregar sobre si os nossos sofrimentos e nos curar de todos os males que impedem a convivência humana. O Evangelho deixa claro que a iniciativa foi do leproso, que reconhecendo Jesus, pede para ser curado. Sua atitude é um modelo de oração de confiança no que ser refere ao querer divino. Outro detalhe importante é a resolução de Jesus: “Eu quero, fica curado”. Sua prática revela que Ele quer é a libertação integral do homem e da mulher. Ao enviar o leproso ao sacerdote para confirmar sua reinserção, Jesus ataca a causa da exclusão, condenando um sistema que determina quem pode ou não, participar da vida social, mas não cura”. Jesus recusa a publicidade, e o povo, pouco a pouco vai percebendo seu messianismo que era espiritual, e não, político. Jesus se identifica com os marginalizados, Ele está fora da cidade, lugar que se torna o centro da nova relação social: o lugar dos marginalizados é o lugar onde se pode encontrar Jesus. Na segunda leitura Paulo diz: “Não busco os meus interesses próprios, mas, os interesses dos outros, para que todos sejam salvos”. Esse é o retrato da prática de Jesus. Paulo diz que procura agir como Jesus, e nos convida a fazer o mesmo. A missão salvadora de Jesus continua. Como discípulos e discípulas de Cristo somos chamados a vencer todo tipo de marginalização, desenvolvendo relações fraternas que estejam acima das convenções constrangedoras e excludentes do sistema em que vivemos.Sem medo, sentindo e mostrando a alegria de pertencer ao povo de Deus, à Igreja do tempo em que vivemos.

SUGESTÕES PRÁTICAS

-Espaço sagrado: primar pela simplicidade e beleza. Cada elemento do espaço deve falar por si mesmo, sem o auxílio de explicações que entulham e atrapalham, além de enfear o ambiente; deve ser bem avaliado, pois, o que está em jogo é a experiência pascal da assembléia celebrante.
- Ato Penitencial: manifestar a misericórdia e a compaixão que Deus manifestou em Jesus.


Assessoria Liturgia da Forania de Ponte Nova