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sábado, 6 de agosto de 2011

O ESPAÇO SAGRADO - Parte II

Presbitério da Igreja em Guapé.
O PRESBITÉRIO

“O presbitério é o lugar onde se encontra localizado o altar, onde é proclamada a Palavra de Deus, e nele o sacerdote, o diácono e os demais ministros exercem o seu ministério.
Convém que se distinga do todo da Igreja por alguma elevação ou por especial estrutura e ornato. Que seja bastante amplo para que a celebração da Eucaristia se desenrole comodamente e possa ser vista por todos” (Introdução Geral ao Missal Romano - IGMR 295). No Presbitério deve estar a Cadeira da Presidência, O Altar e o Ambão.
A cadeira da presidência manifesta a presença do Senhor Jesus na pessoa de quem preside a comunidade. Nos primeiros séculos do cristianismo, as Igrejas da Síria colocavam a cadeira junto ao espaço da palavra, que se situava no centro da assembleia. Desta forma, o presidente da celebração também se colocava junto com o povo e ministros, como ouvinte da palavra. Posteriormente, nas basílicas, a cadeira foi colocada no fundo da abside. Hoje temos que colocá-la da melhor forma possível, onde se possa ver a pessoa que tem a função da presidência. Nunca deverá ser colocada em frente ao altar.
O altar, diz a Instrução Geral, é a mesa da Eucaristia, é o centro da ação de graças que se dá pela Eucaristia, é o centro para o qual espontaneamente deve se dirigir a atenção da assembléia (Cf. IGMR 299).
“Segundo tradicional e significativo costume da Igreja, a mesa do altar fixo seja de pedra, e pedra natural. Convém que em toda Igreja exista um altar fixo, o que significa de modo mais claro e permanente Jesus Cristo, Pedra vida (1 Pd 2,4; cf. Ef 2,20); nos demais lugares dedicados às sagradas celebrações, o altar pode ser móvel. O altar ocupe um lugar que seja de fato o centro para onde espontaneamente se volte a atenção de toda a assembléia dos fiéis” (IGMR 298-301).
O ritual de dedicação das Igrejas manifesta com clareza a importância do altar. Ele é a única peça do espaço celebrativo que é ungida, aspergida, iluminada, vestida como no batismo. Estes gestos simbólicos-sacramentais manifestam a importância do altar e por isso não deve ser escondido com toalhas longas, sujas, de plástico e nem se deve enchê-lo de adornos de forma que a sua essência, “mesa do banquete”, seja camuflada, ofuscada. Ele é símbolo em si, portanto não precisa de toalhas cheias de bordados e outros elementos, pois o pão e o vinho são os sinais maiores que já vão estar sobre ele.
            O ambão é, por simbologia, o lugar do anúncio da Vida, do Cristo Jesus Ressuscitado. Na tradição cristã, tinha a forma de jardim, jardim onde o Cristo se manifesta como o vivente. É por isso que o Círio Pascal, símbolo do Cristo Ressuscitado é colocado ao lado do ambão no período Pascal. “De modo geral, convém que esse lugar seja uma estrutura estável e não uma simples estante móvel. O ambão seja disposto de tal modo em relação à forma da Igreja que os ministros ordenados e os leitores possam ser vistos e ouvidos facilmente pelos fiéis” (IGMR 309).

A NAVE
O elemento que deve guiar e qualificar a distribuição dos lugares no espaço sagrado é a eclesiologia da comunhão, que nós destacamos como sendo típica do Vaticano II, particularmente da Sacrosanctum Concilium e da Lumen Gentium. O povo de Deus tem a sua colocação no espaço, denominado nave.
Nave vem de navio, a comparação entre Igreja e nave está presente em diversos autores do cristianismo. O navio feito de madeira alia-se a madeira da salvação, a cruz. Outro elemento importante é que o navio nos leva de um ponto para o outro, remetendo a transitoriedade da Igreja.
Concretamente é preciso que a disposição do espaço sagrado esteja estruturada de tal maneira que possa apresentar a configuração da assembléia reunida e permita a participação disciplinada e orgânica de todos, favorecendo o desenvolvimento regular das funções de cada um.
As construções após o Vaticano II prestam-se à dinâmica da celebração litúrgica utilizando a forma circular, quadrada ou de um leque, evitando, qualquer aparência teatral, em que a assembléia se sente espectadora. Desse modo, os assentos da assembléia podem localizar-se ao redor da ação do presbitério que se estende na direção - e parcialmente dentro – da nave. Os fiéis vêem e experimentam a ação, mas também podem ver-se uns aos outros.

              IMAGENS SACRAS, A FONTE BATISMAL, A CRUZ E A ORNAMENTAÇÃO

            Relevância especial tem as imagens expostas na Igreja. Elas tiveram uma importante função na história da piedade cristã, catequética e mistagógica. A imagem enquanto extensão da Palavra é digna de sacralidade, cria aproximação, é mediadora de uma presença, nos conduz a uma comunhão, ou seja é uma ponte de comunicação entre o homem e Deus. Para melhor compreensão, façamos o histórico da imagem Sacra ao longo dos tempos:
            SINAGOGAL E CATACUMBAL: É a arte dos primeiros cristãos onde ela não era apenas descrita, mas também catequética. Não é uma arte que se preocupa com o aspecto físico de Cristo, mas sim com sua Divindade e com sua mensagem.
BIZANTINA: É a continuidade da anterior se instalando em sintonia com as basílicas. Nela é apenas a Palavra que rege toda a pintura, não sendo uma arte retratista, ela inverte a noção de perspectiva, a luz não vem de uma fonte externa, mas da própria pessoa representada, no caso os santos e de modo maior Cristo.
ROMÂNICA: É a continuidade da arte catacumbal em grande parte das basílicas do Ocidente, é ainda ligada à Palavra e tem o cunho de evangelizar pelas pedras, já que muitos não sabiam ler, é a Bíblia dos pobres.
GÓTICA: É o período onde o que mais importa é a noção de monumento que a de evangelização, é o início da quebra do sentido original de imagem. É a arte do período da cisão entre o Oriente e o Ocidente.
A ARTE RENASCENTISTA E ESCOLAS POSTERIORES: Uma vez quebradas as fontes originais, o homem se impõe cada vez mais a Deus, nasce uma arte onde o que mais importa é o autor e não mais o Mistério. Se a arte anterior se preocupava na celebração do Cristo, esta agora apenas na habilidade técnica do artista, é o início de um período puramente retratista.
Após o concílio Vaticano II, resgatando o estilo artístico dos primeiros cristãos, há uma busca de superação da imagem sacra puramente retratista que se preocupa em trabalhar o subjetivo, os detalhes e o apuro técnico do artista, do que com o Mistério Pascal e passou-se a buscar na representação a própria representação do Mistério, sem fugas e invenções.
A fonte batismal, local do novo nascimento, “porta de entrada para se fazer parte do “corpo místico”. Como define Cláudio Pastro ela pode receber três posições: separado ao edifício, na entrada da Igreja, junto ao presbitério unindo-o com a nave.
 A Cruz processional, recordação do Êxodo, da Vara que Moisés suspendeu no deserto. Segundo orientação do Missal Romano deve ser sempre levada na procissão de entrada e de envio ficando ao lado do altar. “Haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem do Cristo crucificado que seja bem visível para o povo reunido. Convém que essa cruz, que serve para recordar aos fiéis a paixão salutar do Senhor, permaneça junto ao altar também fora das celebrações litúrgicas” (IGMR 308).
Os castiçais: “são requeridos pelas ações litúrgicas para manifestarem a reverência e o caráter festivo da celebração (cf. n. 117) sejam colocados, como parecer melhor, sobre o altar ou junto dele, levando em conta as proporções do altar e do presbitério, de modo a formarem um conjunto harmonioso e que não impeça os fiéis de verem aquilo que se realiza ou se coloca sobre o altar” (IGMR 307).
A ornamentação da Igreja: “deve visar mais a nobre simplicidade do que a pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado”. (IGMR 292).
Do exposto, concluo com o que diz Farnés, o espaço existe tão-somente para o bem da ação litúrgica “O lugar da celebração não é, pois, nem um monumento artístico, nem um templo em que Deus habita, nem um lugar onde se veneram imagens ou se custodiam com respeito diversos objetos sagrados, nem um espaço dedicado a oração pessoal e ao contato íntimo com Deus. É inegável que o lugar da celebração pode servir também a essas finalidades; mas, de todo modo, é necessário reconhecer que se tratará apenas de aspectos secundários”.
                                            Pe. Luiz Claudio - Mariana - MG
                                                
                                             BIBLIOGRAFIA

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