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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Alguns fundamentos teológicos da comunicação na Liturgia


De acordo com o Pe. José Cândido, professor de sacramentologia na PUC/Minas e no ISTA, ao refletirmos sobre esse tema, temos que ter em vista que a comunicação é um elemento no interior de uma realidade que o supera. Sem a correta experiência desta realidade a comunicação já nasce equivocada na liturgia, podendo ser entendida como teatro ou show. Ao celebrar-se voltado para o povo, o presidente deve ter o cuidado, por exemplo, para não ser o centro da ação litúrgica. Em se tratando de comunicação, nas orações, o presidente deve olhar para o alto ou para baixo, pois dirige-se ao Pai e não à assembléia, .... Nesse sentido, entende-se a preferência do papa Bento em celebrar colocando o crucifixo no centro do altar, pois o olhar, na oração, dirige-se no sentido horizontal, na direção do crucificado.  
A Liturgia é a expressão de uma vida e de uma vida interior da fé e da experiência de Deus, no seu Filho Jesus Cristo e no Espírito Santo. Ela não está a serviço nem da evangelização, nem da catequese, nem da teologia. Ao contrário, evangelização, catequese ou teologia estão a serviço da liturgia. “Lex credendi, Lex orandi”: a teologia e a catequese se alimentam da Liturgia e para ela conduzem. Não estão dissociadas, mas a Liturgia é ponto de chegada e ponto de partida de toda a vida eclesial. Também a Liturgia não está a serviço e não se constitui em espaço de moralização ou mobilização política, etc. Não se pode instrumentalizar a Liturgia.  
A Liturgia está vinculada fundamentalmente ao louvor, à ação de graças, ainda que a súplica e o pedido também se fazem presentes no dinamismo de uma profunda gratuidade. Não devemos buscar utilidade prática na Liturgia, em primeiro lugar; por isto a Liturgia nos educa para a gratuidade.  Verifica-se que o número dos sem religião cresce nas áreas onde há maior número de evangélicos, os quais são atraídos para as igrejas por interesses e quando estes interesses não são realizados, eles abandonam a fé. Pede-se, nesse sentido, o dado da gratuidade, própria da ação litúrgica, da busca do Senhor. A mentalidade comercial de troca corrompe as instituições, corrompe o sentido original da Liturgia. Sem gratuidade não há amor.
A Liturgia é oração, é expressão da experiência de Deus: é de se desejar que haja exatamente contraste entre a dissipação e o barulho do mundo que cansa, estressa, esgota e um clima de paz interna. “Não se pode iniciar um canto de entrada na Liturgia de quarta-feira de cinzas com um ritmo de marchinha de carnaval”. A liturgia deve propiciar um clima de oração, de recolhimento. Isto não significa que deva ser intimista. No mundo de barulho, um momento de silêncio. Foi isso que a Jornada mundial da juventude falou para o mundo ocidental naquele momento em que após a tempestade, milhares de jovens se encontravam em silêncio e adoração ao Senhor Eucarístico. Tal silêncio foi um silêncio eloqüente para o mundo, afirmou Pe. José Cândido.
Nesse sentido, a liturgia não é “morta” porque fica tranqüila, serena, profunda. É morta quando inadequada, sem fé e sem real compromisso com a vida cristã.

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