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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Religiosidade popular


Segundo Franciscus Henricus van der Poel, popularmente conhecido como Frei Chico, quando nos perguntamos pelas coisas tipicamente brasileiras, vamos nos deparar com a cultura indígena, a cultura africana, a religiosidade popular católica, a cerâmica do Vale Jequitinhonha, enfim, com as coisas que são próprias dos pobres.
Em seu trabalho, pesquisou a história da fundação da Irmandade do Rosário junto com o povo e depois devolveu a ele a sua própria história. Descobriu que nos locais onde há o congado, sua origem ali é contada a partir de uma mesma explicação em todos os locais.
Explicou que na medida em que se conhece a história do povo se torna possível celebrar com eles. A experiência religiosa coerente acontece na vida do povo; por isso não considera salutar importar um folheto litúrgico de longe e dizer que se celebrou da melhor forma o mistério do Senhor.
“Os benditos, da tradição oral, foram esquecidos pela Igreja. Uma cultura se sustenta em uma comunidade. Cantar uma música da religiosidade popular dentro da igreja, às vezes, não é fácil”, afirmou frei Chico. Segundo ele, a história não se nega. A identidade não se negocia e muitos grupos populares precisam ser acolhidos na Igreja com o seu jeito de rezar. Outros pontos salientados pelo Frei Chico foram os seguintes:

1-     A religiosidade popular é marcada por uma fé na presença de Deus; vida e religião são inseparáveis; o celebrante é o povo; as mulheres participam plenamente; o sacerdócio é dos fiéis e também do padre; presença do humor, irreverência e riso; professam: criação, aliança, encarnação; anunciam a salvação do mundo; esta religiosidade é cristocêntrica; possuem ritos, mitos e símbolos; a brasilidade da igreja está à vista; valorizam antepassados, almas, santos. A festa é de todos e acreditam na justiça divina.
2-     Não acolher a religiosidade popular é dizer não ao Deus vivo que se manifesta no pobre. Ela é a fé do povo de Deus que é pobre (experiência do Deus vivo) que é tri-étnico, mestiço, que tem suas histórias e culturas diversas. É cultura de adultos, de pobres, de comunidades.
3-     Trata-se de uma religiosidade de resistência e é ameaçada pelo intenso movimento de migração, pois com esse movimento as comunidades estão em perigo. Por sua vez, segundo frei Chico, da parte de alguns padres há dificuldade e falta de sensibilidade para lidar com esta questão, e não enxergam a presença do Deus vivo nessas expressões de fé.
4-     Por fim, salientou que os documentos de Puebla e Aparecida convidam a Igreja a fim de integrar as pessoas que se expressam com esta religiosidade na comunidade eclesial.

Frei Chico, Dom Paulo e representantes da Arquidiocese de Mariana
Em suas obras e também em seu site, Frei Chico apresenta o seu trabalho de 40 anos estudando a religiosidade popular junto de pequenas comunidades, especialmente no vale do Jequitinhonha. Se você se interessa pelo assunto visite o seu site o qual contempla muitos aspectos da religiosidade popular presente em nossa Arquidiocese de Mariana.   O endereço é o seguinte: http://www.religiosidadepopular.uaivip.com.br/

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